domingo, 6 de maio de 2012

NOVO SITE DO URUCUM NA CARA www.urucumnacara.tumblr.com BAIXEM O NOVO CD NO SITE

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Beirada do dia





O espaço era propício e ao firmar cada passo no chão, forma, som, entrelaço armado... Confesso que houve momentos que nao ouvi, perdi a completa sensação. Era um quase nao existir. O grupo era tão junto ali, naquele momento de sensaçoes do intenso. Por pouco, o padrão de luz envenenado, que atrasou o show em quase uma hora no domingo, mas nao deu pé pra qualquer ziguizira. Fizemos o show com a certeza e incertezas, tudo junto, e porque não?Cada tropeço era um risco a mais. O Pererê surgiu num mestre, com seu canto potente e carisma, que pareceu ocupar todo espaço. Agradecemos os amigos , ao público novo que foram e saborearam essas novas composiçoes tão quentes, saídas do forno. Experiência bem nova pro grupo, pra quem não sabe, foi a primeira vez do Urucum num teatro, sempre tocamos em festas, festivais ,calouradas e afins, essa nova onda permitiu outras sensações. Agora estamos fechando a pesquisa que será postada nesse blog e abaixo acrescento um pouco sobre o espetaculo para quem nao conheceu pra ficar com vontade de conhecer, no nosso myspace tem as gravaçoes ao vivo do show e no youtube tem videos do show. www.myspace.com/grupourucumnacara e http://www.youtube.com/watch?v=-fwSsyZQfuI



À BEIRA DO DIA”
Através de músicas que levam o espectador a se identificar com os sons de seu próprio cotidiano, o show foi montado como a duração do dia: o amanhecer e o entardecer. “À Beira do Dia”, trecho da música “Clarear”, sugere o limite do dia, nascimento e morte, cíclico e transponível. Parar diante do desse fragmento do tempo e observar os elementos e sons que o compõe, por meio do encontro, inesperado, do erudito e do popular, que na verdade sempre existiu. Não como um contraste, mas como uma composição de elementos.

O espetáculo também sugere a sensação de dilatação do tempo, muito presente nas festas do Rosário, onde cada música tem um sentido, um momento certo e a duração indefinida, assim como a festa que dura dias e sempre com muita música. Desta forma, o show segue a temporalidade destas festas, como na música “Elefantodonte”, que brinca com os sons até causar a sensação de que este tempo foi dilatado, estendido.

O cenário, montado com cinco fios, lembra uma pauta musical, ou um poste do interior de um bairro da grande metrópole. No entanto, ao invés das notas, estão presentes elementos do cotidiano urbano e interiorano, como tênis dependurados e pipas. Já o figurino, predominantemente branco e vermelho, remete à espiritualidade, religiosidade e também à luta, batalha e ao próprio urucum. As cores branca e vermelha são muito presentes nas festas de congado.

O Grupo Urucum na cara acredita que o encontro da sonoridade da música popular inspirada no congado mineiro com a música erudita contemporânea pode gerar novas linguagens e estéticas musicais e contribuir com a diversidade do cenário musical de Belo Horizonte. Além de “À Beira do Dia”, está prevista a criação de um registro online de todo esse processo de pesquisa. Nele, estarão edições das entrevistas com reis, rainhas e capitães dos reinados de Nossa Senhora do Rosário, além de artistas que abordam o congado em seu trabalho, como Titane, Maurício Tizumba, Sérgio Pererê, Sergio Santos e Yuri Popovi. Também serão disponibilizadas as partituras, cifras e letras das músicas compostas durante o processo. O registro da pesquisa expõe os procedimentos de composição, os conflitos vivenciados pelo grupo e as soluções encontradas. Toda a pesquisa estará no endereço http://urucumnacara.blogspot.com e seu conteúdo será postado em junho.
Percebe-se que o Brasil moderno se debruçou sobre sua cultura popular, levando para os salões da classe média e das elites, a música popular. A partir daí, o encontro do erudito com o popular se tornou uma constante na produção da música erudita, como no movimento nacionalista de Villa Lobos e Mário de Andrade. O tropicalismo deu sequência à recriação estética a partir de misturas de rock, blues e outros gêneros. Recentemente, em Belo Horizonte, artistas como Sérgio Pererê e Maurício Tizumba têm apresentado trabalhos musicais em que o congado mineiro é abordado. Tudo isso comprova a afirmativa de Luiz Tatit, em que diz ser "...impossível estudar a cultura brasileira sem considerar os seus processos de mistura...”

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Urucum no Jornal o TEMPO

http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdEdicao=1651&IdCanal=4&IdSubCanal=&IdNoticia=140151&IdTipoNoticia=1

Magazine » Blequitute
Estreia. Urucum na Cara monta espetáculo "À Beira do Dia", resultado de pesquisa sobre os universos afro-mineiro e erudito
Música entre dois extremos
Douglas Resende

De um lado, a racionalidade da composição erudita. Do outro, a música orgânica do congado. O Urucum na Cara caminhou entre esses dois universos, de tradições tão distintas, para criar o espetáculo "À Beira do Dia", que o grupo estreia neste final de semana, no teatro Izabela Hendrix.

O espetáculo é resultado de um ano de pesquisa acerca da sonoridade da música erudita e popular de Belo Horizonte para composições que o grupo realizou, tendo como orientadores os músicos Rafael Nassif, do lado da música erudita contemporânea, e Sérgio Pererê, do lado da música popular urbana e afro-mineira.

"É como se fossem dois extremos de possibilidades de se fazer música. A música erudita contemporânea é o que seria de mais radical, mais inovador. E do lado popular, pegamos a música popular mesmo, não é MPB, é música de raiz", diz o baixista e vocalista do grupo, Gustavo Amaral.

A pesquisa do Urucum envolveu uma vivência junto a guardas de Congo e Moçambique e suas sonoridades. "Já tínhamos o congado (na sonoridade do grupo), mas em proporções iguais ao maracatu, ao frevo...", comenta o vocalista Rubens Aredes. "A ideia de se debruçar sobre o congado", continua ele, "tem a ver com uma necessidade de se aproximar de uma identidade mineira. Sempre nos debruçamos sobre manifestações tradicionais, em especial as afro-brasileiras. E qual é aquela que é presente na cidade de maneira viva e sobre a qual podemos nos debruçar para encontrar um caminho estético? Foi aí que chegamos ao congado.

Urbano. Qual o resultado sonoro e estético dessa pesquisa que caminha entre dois mundos tão diferentes? "O resultado é uma música urbana", responde Gustavo. "É uma música regional, misturando cultura urbana e contemporânea", acrescenta Irene Bertachini, flautista e vocalista do Urucum.

Em torno dessa atmosfera do cotidiano urbano, na qual estão inseridos os dois universos musicais pesquisados pelo grupo, caminha "À Beira do Dia".

AGENDA
O que: Estreia do espetáculo "À Beira do Dia", do Urucum na Cara
Quando: Sábado, às 21h, e domingo, às 19h
Onde: Teatro Izabela Hendrix (rua da Bahia, 2.020, Funcionários, 3244-7219)
Quanto: Entrada gratuita




Inspiração
Referências não tiram lado autoral

Os músicos do Urucum na Cara visitaram guardas de congo da cidade, onde encontraram muito da própria identidade do grupo e participaram de seus rituais. Mas, resultado dessa pesquisa, “À Beira do Dia” não transpõe simplesmente elementos daqueles ritos. Quer ser antes uma criação autoral, que se inspira naquele universo, sem reproduzi-lo. “Visualmente, o espetáculo remete a um ritual, mas nada de forma específica”, diz Leandro César, violonista e vocalista.

Nos contatos do grupo com as guardas e as comunidades, ele diz que nem mesmo foram feitos registros de áudio. “A intenção era pegar o ar daquele ambiente, que tem muito mais a oferecer do que melodias e ritmos – eles têm uma musicalidade e uma capacidade de expressão imensas”, afirma Leandro.

“Não queremos falar diretamente – quando fizemos, questionamos”, acrescenta Gustavo. “Não fazemos parte completamente, então procuramos mais nos impregnar da atmosfera e trabalhar ideias que surgiram do contato com a religiosidade dessa manifestação, que é muito bonita porque é autêntica e completamente independente”. (DR)

Publicado em: 05/05/2010

sábado, 24 de abril de 2010

segunda-feira, 29 de março de 2010

Urucum na Cara rumo ao novo show que estreiará em maio


Nesse sábado, 27/03, o Urucum despediu do seu repertório antigo com o ultimo show do mesmo no Centro Cultural Padre Eustáquio. Agora o grupo irá lançar um espetaculo novo que estreiará dia 08 e 09 de maio no teatro Isabela Hendrix somente com canções recém criadas para o mesmo que é o resultado da pesquisa acerca da sonoridade da musica contemporânea e popular de Belo Horizonte. Os dois shows foram em contrapartida a turne ao Mexico patrocinada pelo Musica Minas e o Ministério da Cultura. Na foto do flyer estreiamos a nova logo do grupo feita pela artista plástica Flora Lopes que em parceria com Davi Fuzari realiza a concepção estética gráfica do novo trabalho do grupo. Entre no link e convira uma mostra do novo trabalho no show que realizamos na Lagoa do Nado:

Musica Erê de Irene Bertachini

http://www.youtube.com/watch?v=nIQ1VH5_E3E

domingo, 28 de março de 2010

Urucum na cara na Tv Horizonte discutindo a ocupação do espaço publico



Nessa ultima sexta-feira o Urucum participou do programa Caleidoscopio na Tv Horizonte discutindo a ocupação do espaço público e as políticas públicas para a cultura, além de mostrar um pouco do nosso som. O programa foi muito interessante pelo fato de ter abordado temas que estão deixando a gente com a pulga atrás da orelha em relação a gestão do atual prefeito. Estavam presentes no programa artistas de várias aréas, entre eles Gustavo do Grupo Espanca e Nina do obcenicas,e representante da Fundação Municipal de Cultura Solanda. Isto deixou o clima um pouco tenso, afinal de contas quase todos os participantes do programa eram contra as medidas anticulturais do governo atual e apenas a uma pessoa a defesa delas.
Não sei se vcs estão sabendo dos últimos acontecimentos de Beagá então vou dar uma introdução geralzona:

Os eventos de grande porte estão sendo retirados da praça da estação para áreas como a pampulha, funcionarios e mangabeiras. O motivo pelo qual a prefeitura afirma que nao se pode fazer eventos na praça é a depredação do patrimônio publico. Entao, sem consultar a população, meteram um decreto de proibição de eventos de qualquer natureza na praça da estação. Faltando 5 meses para o FIT - Festival Internacional de Teatro - a fundação divulga que ele será adiado para o ano que vem devido ao fato de esse ano ser ano de copa e eleições e também porque nao encontraram peças de teatro suficientes para completar a programação. Sem falar do atraso de um mês para a divulgação do resultado da seleção da lei municipal de incentivo à cultura e da verba para o fundo de projetos culturais nao ter sido aumentada como havia sido prometido. Além disso tudo, o projeto Arena da Cultura iria completar 12 anos de existência se não estivesse a um ano paralisado; o Arena era um espaço muito importante dentro da cidade contribuindo para a formação, o debate artístico e a descentralização da cultura.

Bom deu pra sentir que a cultura num é muito o forte dessa nova gestão do governo né. Eu acho um absurdo os motivos alegados pela prefeitura para a proibição de eventos na praça e o adiamento do FIT. A descentralização dos eventos culturais deveria ser um ponto positivo, porém em Beagá nao existe outro espaço onde possa ocorrer mega eventos sem ser nas regioes citadas. Isso é muito ruim pois dificulta o acesso a determinados produtos culturais por grande parte da população que não frequenta diariamente essas regiões, como a pampulha ou praça do papa. Entretanto, os mega eventos que são patrocinados pela Vale ou por um grande empresa alimenticia como a Nestle podem ser realizados nas outras praças, pois eles se encarregam do onus da realização do mesmo.

Mesmo com a proibição de eventos na Praça da Estação, desde janeiro grupo de artistas e parte da comunidade vem se encontrando na chamada "Praia da estação" com muito humor e irreferência, no dia 06/03 realizaram o "Eventão" com um dia inteiro de atrações das quais o Grupo Urucum na Cara participou dando oficinas e tocando. Houve muita mobilização contra o adiamento do FIT. Neste último sabado, quem estava no Beagá Fashion Beach se juntou a passeata com mais de 300 pessoas que sainda da Praia da estação, seguiu até a prefeitura num protesto contra o adiamento do FIT com direito a desfile de moda e caminhão pipa.

Mesmo com toda essa mobilização se a gente não ficar esperto essa nova gestão promete dar um susto na gente, a cada semana e de arrepiar os cabelos, principalmente pelas explicações sem nexo que usam para justificar suas políticas antidemocráticas e de efeito anti-cultura.

Irene Bertachini

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

urucum na cara e a barca do acaso no mar das linguagens 2 - o diálogo com o mundo de hoje, dez anos depois.

São 2:57 da madruga. Insônia.
Nunca fui um cara de ter insônia, sempre dormi bem e tranquilo.
Resolvi escrever um pouco para ver se o sono vem.

Ha dez anos atrás nascia o grupo Urucum na Cara. Era um entusiasmo muito grande que só vendo. Queríamos abrir nossas vozes pela revolução e o retorno à África. Nos não só acreditávamos nisso como também era a onda do momento. Éramos todos filhos de operários ou camponeses e queríamos nos libertar. Estudar música era um sonho distante prum bando de jovens pobres que tinha como principal atividade do dia o trabalho nas fábricas ou comércio. Onde é que gente pobre pode estudar música no Brasil? Mesmo assim estávamos dispostos a enfrentar essa realidade para sermos músicos e através da música gritar! gritar! gritar!

Retorno à África? Sim. Naquela época a cidade estava cheia de músicos quase todos negros e pardos. Até os músicos brancos acabavam por se transformar em negros também. Nós, os "urucumnautas", estávamos titanizados pelos sons que vinham da periferia da cidade, tizumbiados pelos sons dos tambores, tambolelizados pelos sons do nordeste e do sertão mineiro. E em todo esse universo sonoro ouvíamos nas entrelinhas musicais a luta de classes gritando e a nossa ancestralidade cantava da pele de cores misturadas. Tava tudo lá: No entoar de vozes dos congadeiros morava a revolução. Na batida samba-rap do morro é que estavam as armas e nos tambores africanos a nossa esperança de um mundo melhor.

Porém nesta barca eu tenho tentado pescar mas o mar não está pra peixe. Não há mais músicos negros e pardos. O que houve com a negritude? Foi toda baleada ou trancada em presídios? África é um bom tema a ser abordado, mas hoje tem sido abordada de maneira romântica e com ar bucólico, pois eu-lírico já não é negro pobre. Vinícius se aclamou o "branco mais preto do
Brasil", todos conhecem a canção em que Vinícius canta "Salve Xangô meu rei, senhor! Salve meu orixá! São SETE cores, sua cor, SETE dias para a gente amar". Coitado! Ah se ele soubesse que sete é o número de Ogum e que o mesmo não é muito simpático com Xangô; número sagrado de Xangô é doze e o sete é proibido nos seus ritos. Mas isso não é problema, se a classe média branca e os universitários gostam da música já basta para Xangô adotar o número sete como predileto e ter Ogum como seu melhor amigo!

A batida samba-funk é coisa do passado, foi-se a época em que a classe média branca se interessava pela cultura do morro e tizumbiava a fazer oficinas de tambor e colocar tererê nos cabelos. Essa coisa de tambor é muito "tilelê" pra atual juventude que frequenta a praça da liberdade e a zona sul da cidade. A atual geração é mais sincera com sua falta de identidade e resolveu assumi -la, não está muito interessada em preencher suas lacunas étnico-culturais com a cultura dos negros e do morro... Pra que se na internet e eu posso preencher com coisas que não passam pra fora da minha janela?

O maior problema que os músicos da canção popular enfrentam hoje é o de apresentar um bom poema sobre as flores, sobre o sol, sobre o mar. Agora a moda são acordes bem elaborados e é até pecado tocar o mesmo acorde na mesma música mais de uma vez. E isso não é questão de virtuosismo não, é uma mera exigêcia do mercado, ou uma simples questão ideológica pela qual até se fazem abaixo-assinados e manifestos contrastantes com um repertório onde nenhuma música se dá ao trabalho de incomodar, a não ser por algumas dissonâncias engenhosamente encaixadas. Mas só incomoda quem está incomodado e, aliás, com o que se icomodar? o Lula é presidente, estamos no auge da democracia e o Brasil é o país da Copa do Mundo e das Olimpíadas! Que otimismo! Que beleza!