quarta-feira, 5 de maio de 2010

Urucum no Jornal o TEMPO

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Estreia. Urucum na Cara monta espetáculo "À Beira do Dia", resultado de pesquisa sobre os universos afro-mineiro e erudito
Música entre dois extremos
Douglas Resende

De um lado, a racionalidade da composição erudita. Do outro, a música orgânica do congado. O Urucum na Cara caminhou entre esses dois universos, de tradições tão distintas, para criar o espetáculo "À Beira do Dia", que o grupo estreia neste final de semana, no teatro Izabela Hendrix.

O espetáculo é resultado de um ano de pesquisa acerca da sonoridade da música erudita e popular de Belo Horizonte para composições que o grupo realizou, tendo como orientadores os músicos Rafael Nassif, do lado da música erudita contemporânea, e Sérgio Pererê, do lado da música popular urbana e afro-mineira.

"É como se fossem dois extremos de possibilidades de se fazer música. A música erudita contemporânea é o que seria de mais radical, mais inovador. E do lado popular, pegamos a música popular mesmo, não é MPB, é música de raiz", diz o baixista e vocalista do grupo, Gustavo Amaral.

A pesquisa do Urucum envolveu uma vivência junto a guardas de Congo e Moçambique e suas sonoridades. "Já tínhamos o congado (na sonoridade do grupo), mas em proporções iguais ao maracatu, ao frevo...", comenta o vocalista Rubens Aredes. "A ideia de se debruçar sobre o congado", continua ele, "tem a ver com uma necessidade de se aproximar de uma identidade mineira. Sempre nos debruçamos sobre manifestações tradicionais, em especial as afro-brasileiras. E qual é aquela que é presente na cidade de maneira viva e sobre a qual podemos nos debruçar para encontrar um caminho estético? Foi aí que chegamos ao congado.

Urbano. Qual o resultado sonoro e estético dessa pesquisa que caminha entre dois mundos tão diferentes? "O resultado é uma música urbana", responde Gustavo. "É uma música regional, misturando cultura urbana e contemporânea", acrescenta Irene Bertachini, flautista e vocalista do Urucum.

Em torno dessa atmosfera do cotidiano urbano, na qual estão inseridos os dois universos musicais pesquisados pelo grupo, caminha "À Beira do Dia".

AGENDA
O que: Estreia do espetáculo "À Beira do Dia", do Urucum na Cara
Quando: Sábado, às 21h, e domingo, às 19h
Onde: Teatro Izabela Hendrix (rua da Bahia, 2.020, Funcionários, 3244-7219)
Quanto: Entrada gratuita




Inspiração
Referências não tiram lado autoral

Os músicos do Urucum na Cara visitaram guardas de congo da cidade, onde encontraram muito da própria identidade do grupo e participaram de seus rituais. Mas, resultado dessa pesquisa, “À Beira do Dia” não transpõe simplesmente elementos daqueles ritos. Quer ser antes uma criação autoral, que se inspira naquele universo, sem reproduzi-lo. “Visualmente, o espetáculo remete a um ritual, mas nada de forma específica”, diz Leandro César, violonista e vocalista.

Nos contatos do grupo com as guardas e as comunidades, ele diz que nem mesmo foram feitos registros de áudio. “A intenção era pegar o ar daquele ambiente, que tem muito mais a oferecer do que melodias e ritmos – eles têm uma musicalidade e uma capacidade de expressão imensas”, afirma Leandro.

“Não queremos falar diretamente – quando fizemos, questionamos”, acrescenta Gustavo. “Não fazemos parte completamente, então procuramos mais nos impregnar da atmosfera e trabalhar ideias que surgiram do contato com a religiosidade dessa manifestação, que é muito bonita porque é autêntica e completamente independente”. (DR)

Publicado em: 05/05/2010

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