domingo, 11 de maio de 2008

Vila Mariquinhas, a memória do bordado



Documentário de Flávia Craveiro
O documentário Vila Mariquinhas: a memória no bordado, de Flávia Craveiro, será lançado no dia 10 de maio. O documentário conta a história de dez mulheres que bordam em uma colcha de retalhos suas histórias de vida, marcadas pela luta pela casa própria. O documentário, uma produção da Ciranda Comunicação e Cultura, foi gravado em HDV-Digital. Possui duração de 20 minutos e foi realizado com os benefícios do Fundo Municipal de Cultura. Luta pela casa própria As dez mulheres que contam suas histórias de vida por meio do bordado viveram, em 1995, uma situação inusitada: engajadas na luta pela casa própria, iniciaram um grande movimento que ganhou a mídia e pressionou o poder público para que resolvesse o problema que enfrentavam. A Igreja São José, localizada no centro da capital mineira, foi um dos palcos para essa reivindicação. Mais de 300 famílias ficaram acampadas por um mês nos jardins da igreja. De lá, rumaram para a Fazenda Marzagânia, localizada na beira da rodovia que liga Belo Horizonte a Sabará, onde permaneceram por mais dez meses. Posteriormente, ficaram acampadas debaixo da lona por mais cinco anos na região norte de Belo Horizonte, no lugar em que a Prefeitura construiria a Vila Mariquinhas, onde moram até hoje. Já instaladas na Vila Mariquinhas, elas iniciaram juntas uma atividade que hoje alcançou fama nacional: o bordado. Tudo começou quando a área de serviço social da Prefeitura de Belo Horizonte chegou com uma proposta de curso de desenho para elas. Mas o que elas queriam era uma atividade que pudesse fornecer uma renda extra, além de novamente reuni-las. Foi assim que o bordado chegou na vida de cada uma delas, e é no bordado que elas colocam representadas cenas de suas histórias de vida. Toda essa trajetória de luta pela casa própria, os desafios de morar debaixo da lona, a amizade que se construiu nesse percurso, a felicidade de ter onde morar e a conquista desse sonho estão retratados no documentário. Trajetória Seguindo a trajetória dessas mulheres, o documentário foi filmado nos três lugares por onde elas passaram. Em cada lugar, elas relembram os momentos que viveram ali, os desafios que enfrentaram, a amizade forte que se formou, o entusiasmo de querer realizar o sonho de ter a casa própria. Hoje, D. Yvonne, Bethe, Sônia, Lucimar, Lena, Marlene, Maria, Norberta, Teresinha, Marcela, entre outras, encontraram no bordado uma forma de expressão simbólica de suas histórias de vida, e, porque não, de fazer arte com a memória. A memória é o fio condutor que alinhava as histórias dessas dez dessas mulheres. A colcha de retalhos onde estão bordadas as cenas de vida de cada uma serviu de vestígio do passado e, por meio dela, as personagens iniciam suas narrativas, contando suas histórias de vida que permeiam todo o documentário. O tom poético e lúdico compõe todo o documentário, o primeiro da diretora Flávia Craveiro, graduada em Filosofia. A idéia de realizar este documentário veio da história de vida da diretora, que conviveu de perto com uma contadora de histórias, a avó, também bordadeira e habilidosa nas artes manuais. Ouvindo as narrativas e imaginando as cenas narradas, Flávia Craveiro começou a se interessar por imagens e pela memória, já que considera que "estar no mundo sem lembranças é vazio". Tendo conhecido o grupo de bordadeiras formado pela amizade despertada na história de luta pela casa própria, Flávia decidiu transformar essa história num documentário, e contou com a ajuda do assistente de direção Alexandre Milagres, vídeo-artista que já teve obras exibidas na França, na Áustria, na Argentina e na Espanha, entre outros, premiado no Cine Esquema Novo, de Porto Alegre; e do editor Joacélio Batista, vídeo-artista que já participou de festivais em Washington, na França, AnimaMundi (Rio de Janeiro), Vídeobrasil e ganhou vários prêmios, entre eles no MAM-Bahia, no Art.Mov e no Vitória Cine Vídeo. Serviço: Evento: Lançamento do documentário Vila Mariquinhas: a memória no bordado Data: 10 de maio Horário: sábado, às 22h Local: Cine Humberto Mauro Entrada Franca.

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